A Fórmula 1 voltará à tela da Globo a partir de 2026, em um acordo que vai até 2028. A decisão pegou muitos fãs de surpresa — e gerou reações mistas. Embora o alcance da emissora seja indiscutivelmente maior, a cobertura prometida é parcial: serão apenas 15 corridas em TV aberta. Neste post, vamos analisar os fatos por trás do retorno, os motivos da escolha da Liberty Media, os pontos positivos e negativos dessa mudança… e, claro, incluir um ponto de vista pessoal: o de um fã que não vê essa volta com bons olhos.
🧩 A volta da F1 à Globo — o que já sabemos
Depois de três temporadas nas mãos da Band, a Fórmula 1 retorna oficialmente à Rede Globo a partir de 2026, com um contrato que vai até o fim de 2028. A informação foi confirmada pela própria emissora e pela Liberty Media, detentora dos direitos da categoria.
Curiosamente, a Globo foi quem ofereceu menos dinheiro na negociação:
- Record: US$ 13 milhões
- Band: US$ 10 milhões
- Globo: US$ 8 milhões
Ainda assim, foi a vencedora. Isso mostra que o fator determinante não foi o dinheiro, mas sim o potencial de audiência e de alcance nacional que a emissora ainda tem — mesmo em tempos de streaming e YouTube.
🎯 Por que a Liberty Media escolheu a Globo?
A resposta é simples e direta: audiência. A Globo, mesmo em um dia ruim, ainda registra mais ibope do que a Band e a Record juntas.
Um dado interessante citado por criadores de conteúdo é que até mesmo as reprises da F1 na Globo em 2020 davam mais audiência do que as corridas ao vivo na Band. Isso pesa, e muito, para uma empresa como a Liberty, que busca máxima exposição de sua marca.
A decisão é comercialmente compreensível. Mas será que ela realmente favorece o fã brasileiro?
⚖️ O lado bom e o lado ruim da volta à Globo
✅ O que pode ser positivo
- A Globo atinge regiões onde a Band não chega com clareza, principalmente fora dos grandes centros urbanos.
- A visibilidade da categoria pode aumentar, atingindo novos públicos casuais e até fomentando novos fãs.
- Possibilidade de atrair patrocinadores e investimentos de maior porte para a transmissão.
❌ Mas o que decepciona muitos fãs…
Como fã de longa data da Fórmula 1 — e como alguém que viveu a fase de ouro da transmissão da Globo com Galvão, Reginaldo e companhia — muitos ainda guardam carinho por esse passado. No entanto, é inegável que a cobertura da emissora sempre foi limitada, especialmente nos últimos anos.
📊 Reação da comunidade fã de Fórmula 1
Pesquisas informais feitas por canais especializados mostram o sentimento do público: mais de 80% dos fãs se disseram insatisfeitos com a volta da F1 para a Globo.
E isso tem explicação. O fã atual da F1 não quer apenas ver a corrida — ele quer entender estratégia, acompanhar categorias de base, ver bastidores, debates e cobertura especializada. A Globo não tem histórico recente de entregar esse nível de conteúdo.
🔮 O que esperar dessa nova fase?
Há quem diga que o retorno à Globo é uma chance de reaproximação com o grande público — e pode ser, sim. Mas é preciso mais do que audiência para fidelizar o fã de F1 em 2026.
O torcedor atual é mais exigente. Ele consome F1 por várias plataformas, busca informação de qualidade, se conecta com comunidades online e quer acesso completo à temporada.
Se a Globo repetir o modelo enxuto, superficial e baseado em cortes para se encaixar na grade da emissora, o risco é que essa nova fase seja marcada por mais frustração do que entusiasmo.
🧠 Minha visão pessoal: Não é só nostalgia — é sobre respeito ao fã de verdade
Falar sobre a volta da Fórmula 1 à Globo inevitavelmente toca naquilo que muitos chamam de nostalgia. E sim, eu entendo esse sentimento. Cresci vendo Fórmula 1 na TV aberta. Desde 1988, quando eu tinha apenas 10 anos, acompanhei cada temporada sem perder uma corrida, e sempre pelas transmissões abertas. A Globo fez parte da minha formação como fã — não dá para negar.
Mas hoje, com mais de três décadas acompanhando o esporte, vejo com clareza uma diferença que vai além da saudade ou da memória afetiva. E é aqui que a decepção começa.
A verdade é que a Globo sempre tratou a Fórmula 1 como um produto secundário em sua grade. Mesmo nas épocas de ouro com Senna, a cobertura se limitava ao básico: corrida, alguns comentários, e tchau. Quando havia futebol ou novela no mesmo dia, adivinha quem saía perdendo? O fã da F1.
E sobre o Galvão… sim, ele tem uma voz marcante, criou bordões que entraram para a cultura pop, e sua emoção marcou gerações. Mas, sendo honesto, ele nunca viveu a Fórmula 1 de verdade. Para mim, faltava profundidade. Faltava paixão genuína pela categoria. Era mais sobre “narrar um evento global” do que “compartilhar o amor por um esporte complexo, técnico e fascinante”.
Do outro lado, veio a Band. Com recursos mais modestos, sim. Mas com um respeito enorme pelo fã de F1. Com Sérgio Maurício no comando, a gente passou a ouvir narrações de alguém que realmente entende da categoria, acompanha os bastidores, conhece os detalhes, sabe onde buscar informação de qualidade — e, acima de tudo, ama o que está fazendo.
Sérgio não só narra: ele respira o paddock, contextualiza, corrige, debate, instiga o espectador. Ao lado de um time técnico afiado e apaixonado, a Band conseguiu o que a Globo nunca conseguiu: dar à Fórmula 1 o espaço e a profundidade que ela merece. Não é exagero dizer que, nesses últimos anos, a Band transformou a experiência de assistir F1 em algo mais próximo de quem é realmente fã.
Por isso, essa volta à Globo não me empolga. Muito pelo contrário. Me soa como uma decisão puramente comercial, feita sem considerar o que o público da Fórmula 1 realmente valoriza. E me entristece pensar que, de novo, vamos ver um esporte tão rico e apaixonante sendo espremido na grade entre um jornal local e um jogo do Brasileirão.
Eu continuo sem assinar o F1TV. E ainda assim, nesses mais de 35 anos como fã, nunca deixei de acompanhar uma única corrida. Sempre na TV aberta. Por isso, posso dizer com tranquilidade: nenhuma emissora no Brasil tratou a Fórmula 1 com tanto respeito quanto a Band tratou nesses últimos anos.
E é justamente por isso que a volta para a Globo me soa como um passo para trás. Não em termos de alcance — mas em termos de conteúdo, de profundidade, e de respeito ao torcedor que está aqui desde sempre.