É difícil até encontrar palavras. Como torcedor da McLaren, confesso que já vivi dias ruins, mas o que aconteceu no GP do Canadá 2025 não foi apenas frustrante — foi doloroso e simbólico. Entre os minutos 4:25 e 6:40 da análise pós-corrida, o resumo é claro: Lando Norris arruinou a própria corrida e comprometeu um momento crucial da equipe com uma manobra afobada, desesperada e, principalmente, desnecessária.
A tentativa de ultrapassagem que virou desastre
Tudo aconteceu quando Norris disputava a quarta posição com seu companheiro de equipe Oscar Piastri. Lando, que naquele momento estava claramente mais rápido, se viu pressionado a mostrar serviço. A oportunidade parecia clara: o DRS se aproximava e, teoricamente, a ultrapassagem viria de forma limpa na reta seguinte.
Mas o que ele fez? Tentou a jogada antes. Mergulhou com tudo no hairpin, tomou o X do Piastri e, mesmo com outra chance se abrindo, escolheu uma abordagem ainda mais arriscada. Na entrada da curva 1, optou por ir por dentro, onde já não havia espaço algum, forçando uma situação com o australiano, que — com razão — manteve sua linha.
O resultado? Toque com o pneu traseiro esquerdo de Piastri, asa dianteira danificada, perda total de ritmo e, logo em seguida, muro. Fim de prova para Lando. Fim de qualquer esperança de pontuar. E mais: entregamos 12 pontos de bandeja para o Piastri, que agora abre vantagem direta no campeonato sem ter precisado fazer praticamente nada além de manter a calma.





Afobação, insegurança e um grito não ouvido
Como fã da equipe e admirador do talento de Norris, é difícil escrever isso — mas não tem como passar pano. O erro foi totalmente dele. Não foi falta de carro, não foi erro de estratégia da McLaren, não foi incidente de corrida. Foi pura precipitação.
O que dói mais é perceber que tudo isso parece ser reflexo de um piloto que não está bem psicologicamente. Como foi dito no vídeo, “um piloto não vai dividir espaço entre o carro, o muro e a grama ao mesmo tempo sem estar extremamente pressionado ou afobado”. E essa é exatamente a sensação que Lando transmitiu: a de um cara que estava tentando mostrar para o mundo que ainda é o número 1 da equipe, mas acabou expondo o contrário.
É como se aquela curva tivesse sido um grito de socorro silencioso. Um último esforço para provar que ele pode ser campeão, que ele merece liderar a McLaren, mas que terminou em colisão — com o companheiro, com o muro, e com a própria confiança.
Mais que pontos: perdemos posicionamento interno e moral
O que mais me entristece é o impacto interno disso tudo. Com esse erro, Norris colocou em risco sua posição dentro da McLaren. Em um time onde os dois pilotos têm potencial para liderar, cada erro pesa dobrado. Enquanto Piastri cresce em consistência, Lando parece regredir emocionalmente.
Ele tem talento, isso é inegável. Ele pode sim ser campeão do mundo um dia. Mas hoje, naquele instante no Canadá, ele mostrou ao mundo que ainda está longe de se reencontrar. E nós, torcedores, ficamos aqui, divididos entre o apoio incondicional e a frustração amarga.